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Sobre Coragem, Compaixão e Conexão

Escrito por Felipe Cotrim 16/01/2018
Sobre Coragem, Compaixão e Conexão

Tenho que falar deste livro.

O primeiro livro que li em 2018 foi The Gifts of Imperfection da Brené Brown, uma professora doutora americana que disparou em popularidade depois dessa palestra.

Mas enfim, sabe aqueles conceitos essenciais para viver uma vida mais plena, mais feliz?

Estou falando de autenticidade, vulnerabilidade, coragem, amor, pertencimento, gratidão, fé, autocompaixão, conexão, e alguns outros.

Esses conceitos que parecem simples, mas na verdade enganem e estão todos emaranhados.

Então, Brené Brown consegue separar e explicar como funciona cada um deles.

Ela conceitua, discute, exemplifica e nos propõe aplicações.

Melhor de tudo, com base em 10 anos de pesquisa científica qualitativa através de um método confiável chamado Grounded Theory.

AS PESSOAS WHOLEHEARTED

Coletando milhares de histórias de indivíduos dos mais diferentes perfis e regiões dos EUA, ela descobriu alguns padrões em pessoas que viviam vidas absolutamente incríveis e inspiradoras.

(Lembrando que uma vida incrível não é uma vida sem problemas. Aliás, pode ser cheia deles).

Essas pessoas contavam sobre acolher imperfeições, sobre ser autêntico e deixar para trás o que os outros pensam, sobre praticar gratidão e ser alegre, sobre esquecer o perfeccionismo e se aceitar, e sobre menos ansiedade e mais presença.

A Brené chamou essas pessoas de Wholehearted. Pessoas que vivem a vida com todo (whole) o coração (heart).

Pense nisso como uma meta de vida.

Eu infelizmente percebi que minha vida estava longe de uma vida wholehearted.

Não que minha vida seja ruim, mas digamos que eu tenho muito trabalho a fazer quando o assunto é ansiedade, perfeccionismo, querer estar sempre no controle, valor próprio, acolher imperfeições, e por aí vai.

COMO CHEGAR LÁ?

Diferente de outros livros de autoajuda, aqui não há uma receita para o sucesso. E isso é ótimo!

Fica claro desde o início que chegar lá NÃO é fácil. Chegar lá é um processo longo que exige prática constante.

“Não chegamos lá decidindo mudar exatamente agora. Chegamos lá lentamente, gradualmente e cutucando-nos, um pouco mais a cada vez” (Amy Cuddy).

Ainda que as pessoas tenham a tendência inconsciente de procurar soluções rápidas, fórmulas e um passo-a-passo, isso não existe quando queremos um resultado duradouro.

Veja se é possível ter um físico bonito em 15 dias ou se é possível ter um casamento feliz dedicando-se ano sim ano não. Não é possível.

Sendo assim, você não vai resolver dificuldades e comportamentos antigos com uma fórmula pronta.

A boa notícia é que há 3 ferramentas para ajudar nessa longa jornada em direção a uma vida wholehearted. Ferramentas que só funcionam se praticadas constantemente.

1) Coragem

Se a meta é uma vida Wholehearted, uma das características mais importantes que essas pessoas apresentaram nas entrevistas é coragem.

Coragem não no sentido heróico como vemos hoje em dia. “Cor” vem do latim e significa coração.

A palavra coragem, no seu sentido original, significa contar a sua história com todo o seu coração.

Tem mais a ver com vulnerabilidade e não com arriscar a vida.

Coragem no dia a dia é conseguir levantar a mão na sala de aula e dizer: “Desculpe, você poderia repetir essa parte? Eu não entendi”.

Coragem é dizer para os seus amigos que você vai embora da festa mais aguardada da escola, pois não está gostando.

Coragem é dividir com alguém um problema que você carrega sozinho há anos sem ninguém saber.

Coragem é dizer que você está exausto quando trabalhar muito é símbolo de status.

Coragem é a ferramenta necessária para ser quem realmente somos.

2) Compaixão

Um fato: todos nós vivenciamos dor.

A autora acredita que a nossa resposta automática para lidar com dor é proteção e não aceitação.

É preciso ter mais compaixão para aceitar as nossas limitações, dificuldades e dores. Até porque só tendo compaixão com nós mesmos é que poderemos desenvolver compaixão pelos outros.

Aceitar os outros não quer dizer ser mole e deixar passarem por cima de você. Compaixão também quer dizer impor limites de maneira assertiva.

As pessoas wholehearted durante as pesquisas demonstraram diversos exemplos da prática de compaixão.

Autocompaixão é se perdoar se você gaguejar durante uma apresentação importante.

Autocompaixão é aceitar que você não é tão bom em matemática quanto gostaria.

Compaixão é saber dar uma bronca sem diminuir uma pessoa.

Compaixão é saber separar as pessoas dos seus comportamentos.

3) Conexão

Como seres humanos, temos uma necessidade inata por conexão. Está na nossa genética.

Precisamos tanto e tem se tornado tão raro que estamos confundindo isso com tecnologia, redes sociais e curtidas.

Mas isso não é conexão, Brown diz que conexão é se sentir visto, ouvido e valorizado. É dar e receber sem julgar.

Conexão é estar ao lado genuinamente, é sentir junto com a outra pessoa e não pela outra pessoa.

Conexão acontece quando você se permite ser imperfeito, pede ajuda quando mais precisa e é ouvido sem julgamentos.

CONCLUSÃO

De todas as pessoas entrevistadas, os wholehearted conseguem administrar muito bem essas 3 variáveis: eles têm coragem para mostrar sua história ao mundo; ainda que sejam imperfeitos, praticam a autocompaixão; e toda essa autenticidade e vulnerabilidade causam conexão.

Chega de perfeição, certeza para tudo, exaustão por status, julgamentos, e fazer o impossível para se encaixar.

Precisamos de mais valor próprio, confiança, intuição, esperança, autenticidade, gratidão e amor.

Pessoas wholehearted são mais gratas, felizes e até saudáveis. Elas se preocupam menos sobre o que os outros vão pensar e mais sobre como se sentem.

Elas se sentem confortáveis na própria pele. Não há necessidade de agradar e ser perfeito, há necessidade de se amar.

“Cultivar uma vida wholehearted não é como tentar alcançar um destino. É mais como andar em direção a uma estrela no céu. Nós nunca, de fato, chegamos, mas certamente sabemos que estamos andando na direção correta”. (Brené Brown)

Eu sempre falo que autoconhecimento é a sua melhor ferramenta para o sucesso. A Dra. Brené Brown concorda com isso e nos dá essas 3 valiosas ferramentas.

O líder espiritual Sri Prem Baba diz que autoconhecimento é o mapa do tesouro, e esse livro nos convida a usar esses tesouros.

Esse livro nos convida a viver uma vida mais plena.

Recomendo com todo o coração.

Referências:

Amy Cuddy (2015) O Poder da Presença. Editora Sextante.

Brené Brown (2010) The Gifts of Imperfection. Hazelden Publishing.

Sri Prem Baba (2016) Propósito: A Coragem de Ser Quem Somos. Editora Sextante.

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