Eu já pensei muito nessa relação eficiência x eficácia; velocidade x direção; fazer x pensar; quantidade x qualidade; e assim por diante.
Algumas pessoas têm perfil eficiente. E outras pessoas têm perfil eficaz.
Eu considero a nossa geração mais eficaz. Por outro lado, eu considero a geração dos meus pais mais eficiente.
E é claro que todos têm um pouco de cada, mas vou generalizar aqui para tentar ilustrar meu ponto.
OS EFICIENTES
Na minha família, meu avô materno mal começou o ensino fundamental e meu avô paterno veio da Bahia tentar uma vida melhor em São Paulo, ambos obtiveram sucesso depois de MUITO suor e sacrifício.
Assistindo e vivendo tudo isso na época, o grande objetivo dos meus pais (e de muitos pais por aí) era trazer estabilidade, já que a condição econômica da família era mais delicada e a condição política e econômica do país era mais instável.
A grande meta era proporcionar experiências para os filhos, que muitas vezes nem eles próprios tiveram. Trazer conforto, marcas boas, vivência internacional, lazer, acesso a esportes, e muito mais. E tudo isso só poderia ser alcançado com dinheiro.
Se a meta era dinheiro, a ordem era tra-ba-lhar.
Por isso eu relacionei meus pais (principalmente meu pai) com eficiência.
Para ele, o importante era trabalhar. Pouco importava o que fazer e como fazer. Pouco importava se a jornada era flexível e se tinha sala de descanso com TV e puffs. Pouco importava chegar tarde em casa e não ter tempo para exercícios físicos.
Naquela época, ter paixão pelo trabalho era raridade, entender o propósito da organização era banal e entender a si mesmo uma besteira sem tamanho.
A motivação era o dinheiro, o objetivo era prover e a maior vontade era de melhorar a qualidade econômica da família.
Segundo esses objetivos, meus pais tiveram sucesso.
Sou extremamente grato por ter estudado num colégio de alto nível em São Paulo, ter feito intercâmbio para praticar inglês, ter estudado na Suíça, ter feito viagens, esportes, e outras coisas mais.
Talvez por ter tido esses objetivos alcançados (conforto e estabilidade), a história foi um pouco diferente para mim e até para a minha geração.
Alguns questionamentos surgiram, antes inimagináveis, questionamentos de quem busca não apenas eficiência, mas também eficácia.
OS EFICAZES
Tudo bem, mas a vida é isso?
Trabalhar só para ganhar dinheiro?
De que maneira eu realmente vou contribuir para o mundo?
Pois é… Eu me considero mais eficaz. Talvez até essa geração possa ser considerada mais eficaz.
Só para esclarecer, eu tenho 29 anos, então podemos nomear “essa” geração de Geração Y, ou Millennial.
Não entenda eficácia como um fator externo, por exemplo aumentar as margens em 5%. Essa eficácia que me refiro é interna, é parar para se observar, é perguntar por que fazemos o que fazemos.
Para mim, não importa só fazer e fazer, é preciso perguntar para onde estamos indo e é preciso entender o sentido das coisas.
O dinheiro é visto apenas como meio e não como fim.
Lucro, o objetivo maior da geração anterior, hoje é apenas uma alavanca para outras finalidades.
Ser eficaz, é querer e poder trabalhar com algo que você faz muito bem (competência), e algo que você gosta muito (paixão).
De que adianta ganhar bem, mas trabalhar insatisfeito e infeliz?
De que adianta odiar acordar cedo e rezar para o fim de semana chegar logo?
Vale a pena sofrer aquela depressão domingo a tarde, pois vai começar tudo de novo?
Eu não quero trabalhar para algum dia chegar em algum lugar. Eu quero trabalhar chegando nesse lugar e aproveitando a viagem.
Assim como os métodos e processos do desenvolvimento de uma nova vacina devem ser questionados para aumentar a qualidade dos efeitos, eu quero viver me questionando para aumentar a qualidade da minha vida, meu bem-estar e minha felicidade.
Isso é ser eficaz!
O EQUILÍBRIO
No entanto, não há certo nem errado, só há diferentes momentos da humanidade.
Assim como houve um determinado momento em que a maior motivação do ser humano não era nem dinheiro e nem propósito, mas sim caçar, reproduzir e se defender.
Ou seja, nós evoluímos!
Se ontem a nossa missão de vida era o lucro por si só, hoje o nosso foco se ampliou.
Hoje pensamos em usar o lucro para finalidades maiores, para preencher nossos propósitos de vida, para aumentarmos felicidade e bem-estar, para melhorarmos a sociedade e abraçar tantas outras causas.
Outra coisa, generalizar é errar. Eu chamei uma geração inteira de eficiente e outra de eficaz. Fiz isso com base no meu histórico familiar e também para ilustrar melhor o meu argumento, mas é claro que existem pessoas de 25 anos totalmente perdidas e distantes dos seus propósitos e pessoas de 55 anos com bom autoconhecimento e trabalhando com muita paixão e significado.
Para fechar, fique com isso:
Se há momentos em que você se sente insatisfeito e irritado por nada, talvez seja hora de ativar um modo mais eficaz e questionar alguns fatores. É hora de parar o carro e olhar o mapa.
Por outro lado, se você acabou de abrir uma empresa, terá que ativar um modo mais eficiente, a regra será trabalho, trabalho e trabalho. É hora de fechar o mapa e acelerar o carro.
Saiba balancear essa equação!
Não seja somente de pensar e pensar e pensar. Vai lá e faz. É impossível viver a vida dentro da nossa cabeça, somente refletindo e imaginando. A vida é lá fora!
Não seja somente de fazer e fazer e fazer. Pare, pense e pergunte se faz sentido. É muito mais fácil olhar o mapa de vez em quando do que ir parar num lugar totalmente indesejado.