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A Teoria das 4 Bocas do Fogão

Escrito por Felipe Cotrim 19/12/2017
A Teoria das 4 Bocas do Fogão

Se tem algo que me fez pensar recentemente foi A Teoria das 4 Bocas do Fogão.

Em português não soa tão bem quanto The Four Burners Theory, mas mais intuitivo que isso impossível.

Das várias versões que li, a que mais gostei foi muito bem escrita por James Clear (aliás, recomendo você seguir o blog dele).

Vamos lá!

COMO FUNCIONA?

Imagine que a sua vida é representada por um fogão de 4 bocas. Cada boca representa uma importante parte da sua vida.

  1. A primeira boca representa a sua família
  2. A segunda boca representa os seus amigos
  3. A terceira boca representa a sua saúde
  4. A quarta boca representa o seu trabalho

A teoria diz que: “para ser bem sucedido, você precisa apagar uma das bocas. E para ser muito bem sucedido, você precisa apagar duas”.

Meu impulso ao ler pela primeira vez foi mais ou menos assim:

“Afff… Nossss… que isso, quem disso isso?!”

Mas continuei lendo bravo (e interessado) até o final.

Ainda que a teoria não faça muito sentido de primeira e que abra vários questionamentos na nossa cabeça, acho que até isso faz parte da lição.

Não é uma regra de ouro e não é para ser exato, mas há uma lógica.

Quem você conhece que tem tudo isso:

  • Um casamento feliz com muita dedicação aos filhos, viagens e passeios;
  • Uma vida social rica cercada por amigos e recheada de eventos;
  • Físico impecável, alimentação saudável e sono de 8 horas;
  • E ainda ser extremamente bem sucedido no trabalho?

Difícil, não é mesmo?

Ou pense assim, você acha que Steve Jobs conseguiria alcançar tanto se ele tivesse tido 4 filhos, uma vida social sempre ativa, com muita dedicação aos exercícios físicos e noites de sono completas?

Claro que estamos falando de alguém genial, mas é muito difícil.

Ele escolheu manter a chama do trabalho muito alta e praticamente apagou todas as outras.

ESCOLHAS DA VIDA

Uma coisa é certa: a vida é cheia de escolhas.

Se você escolher se exercitar 2 horas por dia 7 vezes por semana, certamente terá um físico invejável. Se você escolher trabalhar 80 horas semanais, colherá os frutos dessa ação, e assim por diante.

Da maneira mais resumida possível, a teoria diz que temos duas opções na vida:

  • Ser medíocre em tudo
  • Ser muito bom em uma ou duas áreas

Faz sentido?

Por exemplo, eu gosto de estudar e tenho muitos interesses. Por mim, já teria me formado em Hotelaria, depois Administração, talvez Psicologia e certamente Música.

Mas será que esses 16 anos de estudo iam me diferenciar em algo?

Não.

Por outro lado, se eu tivesse focado 16 anos da minha vida estudando somente música, com certeza eu seria muito diferenciado nisso.

Ninguém gosta de ouvir essas coisas, escolhas são difíceis. Todo mundo gostaria ser muito bom em tudo.

Mas quando escolhemos fazer uma coisa, automaticamente estamos escolhendo não fazer todas as outras.

Aqui, na minha opinião, entra a importância do autoconhecimento, pois assim, cada decisão que você tiver que tomar na vida, você saberá o que te afasta e o que te aproxima dos seus objetivos e do seu propósito.

Escolher fica mais fácil!

Bill George, professor de Harvard e criador da teoria de Liderança Autêntica, diz que ser um líder autêntico requer lidar com vários trade-offs e que encontrar equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional é um dos maiores desafios que qualquer líder enfrenta.

George conclui dizendo que não existem respostas certas, ao longo da vida você terá que lidar com os inúmeros trade-offs que aparecem.

3 SOLUÇÕES

Apesar de não existirem respostas certas, o autor James Clear se arrisca e propõe 3 maneiras de lidar com A Teoria das 4 Bocas do Fogão.

A primeira delas é TERCEIRIZAR.

Se você abriu uma empresa faz 6 meses e está trabalhando 14 horas por dia, talvez seja hora de contratar alguém.

Se você está sem tempo, mas cozinha e investe 2 horas por dia nisso, talvez seja hora de terceirizar o serviço, comprar marmita congelada pedir via aplicativo.

Se você optou por educar seu filho 100% em casa, mas percebe que isso te afastou demais dos amigos e fez parar suas atividades físicas, talvez seja a hora de matriculá-lo em uma escola.

Há uma infinidade de tarefas que podemos terceirizar.

O que você tiraria dos seus ombros?

A segunda é PRODUTIVIDADE.

Considerando uma série de restrições, como posso ser o mais produtivo possível?

Se eu só vou trabalhar das 10h às 17h, como eu posso ser o mais produtivo possível?

Por exemplo, eu poderia almoçar em 30 minutos em vez de 1 hora. Poderia sair menos para fumar, ou até mesmo parar de fumar. Poderia comprar um computador novo para perder menos tempo com carregamentos e lentidões. Poderia planejar melhor cada reunião para durar 20 minutos e não 1 hora. Eu poderia pagar a versão premium de um app de organização e planejamento de tarefas.

Se eu só tenho 3 horas de exercício físico por semana, como eu vou tirar o máximo dos meus treinos?

Buscando um treino novo e diferenciado, pagando um ótimo personal trainer, deixando o celular em casa, fazendo intervalos de descanso cronometrados, tomando um suplemento alimentar.

Aqui, trata-se de extrair o máximo das suas atividades, não é fácil, requer disciplina.

A terceira ele chama de FASES DA VIDA.

Podemos dividir a nossa vida em fases em vez de viver ansiosamente buscando pequenas maneiras de melhorar ou refletindo sobre o que terceirizar e o que verticalizar.

Por exemplo, é muito mais fácil manter a chama do trabalho bastante alta antes de ter filhos, talvez essa seja uma fase.

Quando estamos na faculdade e ainda não trabalhamos, é mais fácil manter as chamas da saúde, família e amigos com gás total.

Depois que seus filhos já estiverem na faculdade e trabalhando outro ciclo se fecha e outra fase se inicia, talvez seja hora de aumentar outras chamas, reativar velhos hobbies, voltar a estudar, ou organizar uma viagem pelo mundo com sua companheira ou companheiro.

Alguém enxerga outra solução? Me conta nos comentários!

CONCLUSÃO

Nenhuma das 3 propostas elimina o fato de que temos escolhas difíceis na vida, e na minha opinião, elas ficam ainda mais complexas quando não sabemos o que queremos.

Vivemos um dia após o outro, sem pensar. Geralmente somos eficientes, mas não somos eficazes.

Pode parecer besteira, mas muitos de nós não sabemos o que queremos, não temos objetivos definidos, não temos uma missão pessoal, não conhecemos o nosso propósito.

Se não sabemos onde queremos chegar é natural sofrer para escolher o caminho.

Tenha clareza sobre seus passos!

Não é fácil, mas, de novo, dedicar tempo a isso é uma escolha.

Referências:

[ARTIGO] https://jamesclear.com/four-burners-theory

[LIVRO] Bill George (2003) Authentic Leadership: Rediscovering the Secrets to Creating Lasting Value. Jossey-Bass, San Francisco.

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