Recém chegado em Lisboa, todos os meus esforços se voltaram para a busca de um novo lar.
E de certo foi preciso esforço, pois o mercado imobiliário por aqui está bastante aquecido, aquela mistura amarga de pouca oferta e muita demanda.
Contudo, sempre tento reservar um tempo para os livros, e o que mais me chamou a atenção essa semana foi o final de O Alquimista, o clássico livro do Paulo Coelho que por algum motivo furou minha fila de livros “mais importantes”.
Enfim, o que me marcou foi a definição linda e simples de Alquimia (considerando as milhares de definições possíveis que essa palavra tem no contexto do livro).
“Alquimia é trazer para o plano material a perfeição espiritual”
Pois é, como você tem lidado com a sua Alquimia nos últimos anos?
Tentando desenvolvê-la ou utilizando a mesma fórmula?
Se a mesma fórmula te faz viver bem, feliz e no presente, você está no caminho certo.
A pena é que muitos de nós estamos cada vez mais distantes do ouro, os níveis de ansiedade estão subindo, desde as pequenas irritações do dia a dia até problemas realmente sérios.
Precisa de estatística? Os exemplos estão muitas vezes do nosso lado!
Para mim, me aproximar do ouro teve muito a ver com autoconhecimento.
Cair em modo automático é cada vez mais fácil. E quanto mais entramos nesse ciclo, mais difícil será sair.
Sua intuição até pode te apontar um caminho melhor, mas você se distanciou muito dela e já não ouvirá. Nesse caso, o processo de busca interna será ainda mais longo.
Brené Brown, professora e autora americana que admiro muito, diz que a vida não é lenta para nos despertar, nós é que somos rápidos para apertar o botão da soneca.
Eu queria que o botão da soneca não fosse tão atraente, mas ele é. Ele se disfarça de álcool, chocolate, cinismo, piadas, pornografia e etc.
A vida nos chama de várias maneiras, através de uma chateação mínima ou uma dor de cabeça, uma agitação interna ou uma gastrite antiga, e assim por diante.
Uma pessoa pode, por exemplo, se sentir estressado (chamada despertar) depois de uma segunda feira daquelas, e resolver tomar algumas cervejas (botão soneca).
…
Quando o personagem principal do livro percebe que vai se separar do Alquimista, ele pergunta: “se vamos nos separar logo, me ensine Alquimia”.
Então, o Alquimista respondeu:
“Você já sabe. É penetrar na Alma do Mundo e descobrir o tesouro que ela reservou para nós”
Todos nós temos um tesouro.
Penetre. Busque. Descubra. Crie.
Se preferir, esqueça toda a simbologia do livro, mas não deixe de se conectar consigo mesmo, de descobrir seus talentos naturais e de usar suas melhores habilidades no dia a dia.
Usar nossos pontos fortes constantemente demonstrou ser uma maneira de aumentar níveis de felicidade duradoura, segundo o professor Martin Seligman.
Ouça seus sentimentos, decifre seus impulsos, traduza suas emoções.
Ou seja, de tempos em tempos, ouça as chamadas para despertar que a vida faz, nenhum Alquimista faz ouro dormindo ou em modo automático.
“Cada momento de busca é um momento de encontro”
Paulo Coelho
Referências:
Brené Brown (2012) Daring Greatly: How the courage to be vulnerable transforms the way we live, love, parent and lead. Avery Publishing.
Martin Seligman (2002) Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfilment. Atria Paperback.
Paulo Coelho (1988) O Alquimista. Editora Schwarcz, São Paulo.