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O Poder da Autenticidade (e seus 4 elementos)

Escrito por Felipe Cotrim 16/02/2019
O Poder da Autenticidade (e seus 4 elementos)

Muitas pessoas não entendem o grande poder e a grande lição que há no conceito de autenticidade.

Alguns confundem autenticidade com grosseria. Outros pensam que se resume apenas a batida frase seja você mesmo. Ou será que ser autêntico é sinônimo de ser 100% transparente 100% do tempo?

Na verdade, é muito mais do que tudo isso e muito mais do que qualquer texto possa explicar.

No entanto, esse artigo é muito diferente de qualquer outro. Nele, eu junto uma combinação única: minha paixão pelo assunto e minha visão de especialista, pois pesquisei autenticidade durante meu Mestrado.

Antes de começar preciso esclarecer uma verdade: ser autêntico é duríssimo e um trabalho que durará a vida inteira.

Nosso caminho será mais ou menos assim:

  1. Introdução
  2. O que é autenticidade?
  3. Por que autenticidade é importante?
  4. Os 4 elementos
  5. Escreva a sua história
  6. Conclusão

Então vamos lá!

INTRODUÇÃO

Autenticidade virou uma buzzword, seu uso se espalhou por todos os lados, desde estratégia para rede sociais até restaurantes.

Porém, o uso desenfreado do termo, de várias maneiras e em diversos contextos, muitas vezes prejudica o entendimento real e a valiosa lição que há por trás de autenticidade.

Certa manhã, quando abro o aplicativo HeadSpace para meditar, noto que a meditação do dia tinha como tema autenticidade.

Em resumo, a mensagem dizia que, ao contrário do que muitos pensam, ser autêntico não é sinônimo de falar tudo o que você pensa sem filtros, autenticidade tem mais a ver com assertividade.

Com encontrar a sua essência e saber como expressá-la.

Por coincidência, nesse mesmo dia eu fui para a biblioteca do Insper pesquisar o mesmíssimo tema.

Acontece que a minha Dissertação de Mestrado foi sobre uma jovem teoria chamada Liderança Autêntica. Ou seja, autenticidade é a grande base do assunto.

E sinceramente falando, eu acredito que autenticidade seja uma grande base para uma vida plena e feliz.

Vou explicar o quê e o porquê.

O QUE É AUTENTICIDADE?

Tentei unir diversos significados que encontrei e acho que a maneira mais simples de colocar é assim: autenticidade é a certeza da originalidade de algo.

Isto é, se estivermos falando de uma pintura do Picasso, por exemplo, quer dizer que não temos dúvidas de que foi o famoso artista que pintou, afinal há muitas cópias dele por aí.

Então, autenticidade é a origem inquestionável de algo. É algo genuíno, verdadeiro e legítimo.

Para as pessoas, a aplicação seria bem parecida, um indivíduo autêntico é um indivíduo verdadeiro. Alguém que consegue trazer para a vida real e alinhar com o dia a dia suas crenças, valores, emoções, habilidades e tudo o que forma esse “ser”.

Uma pessoa autêntica não é falsa, não precisa atuar nem copiar, é alguém que consegue ser quem originalmente é.

POR QUE AUTENTICIDADE É ASSIM TÃO IMPORTANTE?

Se desde a Grécia antiga filósofos, poetas, pintores, acadêmicos e cientistas vêm discutindo quem nós realmente somos, podemos perceber a importância dessa questão.

Todos nós temos uma natureza, valores próprios, uma voz única no mundo, e não conseguir ver e ser tudo isso pode ser muito frustrante.

A vida oferece muitas distrações, ainda mais hoje em dia, então não é incomum estarmos totalmente desconectados de nós mesmos, sem acesso ao nosso verdadeiro poder.

Digo poder, pois a palavra autêntico, vem do grego, authenteo, e significa “ter poder total”.

E mais que isso, autenticidade é tão importante, pois copiar é tolice.

Imagine o quão cômico seria um empreendedor que tenta copiar o comportamento de Steve Jobs!

E se um líder empresarial imitasse Jorge Paulo Lemann ou Abilio Diniz?

Iam parecer tolos, pois esses grandes são únicos.

A ingênua frase cotidiana “seja você mesmo”, não é tão ingênua assim, pois ser você mesmo é estar alinhado com seus poderes únicos, é viver com mais propósito, e é estar mais próximo da felicidade.

Vale lembrar, segundo a pesquisadora Brené Brown, que autenticidade é um processo, longo e cheio de nuances.

Entender o conceito de autenticidade é também entender como podemos viver melhor.

E para, de fato, entender, não há referência melhor do que o brilhante e denso estudo acadêmico de 74 páginas assinado por Michael Kernis e Brian Goldman.

Em 2006, esses autores encontraram os 4 elementos-base do conceito mais contemporâneo de autenticidade. Entre milhares de palavras, técnicas e científicas, eu fiz questão de dissecar o essencial para você.

OS 4 ELEMENTOS-BASE DA AUTENTICIDADE

Tomando como base diversas perspectivas, inclusive revisando Sócrates e Aristóteles, Kernis e Goldman encontraram 4 elementos fundamentais para o entendimento moderno de autenticidade.

Aqui estão eles:

1) CONSCIÊNCIA (AWARENESS)

Tudo começa com consciência, ou conhecimento.

Se você quer ser você mesmo, você precisa entender seus motivos, paixões, sentimentos, pontos fortes, fracos, objetivos e os valores que guiam a sua vida.

Isso é puramente autoconhecimento, e a importância disso eu já expliquei.

Trata-se de conhecer e aceitar nossos milhares de jeitos, que, na verdade, formam um jeito único.

Quer melhor diferencial nesse mundo do que ser autêntico?

Só você pode ser você.

Por isso (justamente por isso!) essa é a sua vantagem competitiva nesse mundo complexo. É algo que ninguém pode copiar.

2) PROCESSAMENTO IMPARCIAL (UNBIASED PROCESSING)

Esse palavrão significa que você processa imparcialmente informações relevantes sobre você mesmo.

Funciona assim, quando você inicia um processo de autoconhecimento, você vai descobrir coisas sobre você.

Logo, você vai enxergar aspectos positivos e também aspectos negativos, isto é, coisas que você gosta e coisas que você desgosta.

Esses aspectos negativos podem gerar desconforto e temos uma tendência a nos esquivar ou distorcer algum fato muito importante sobre a nossa história.

Distorcer um fato relevante é o oposto de um processamento imparcial e isso vai prejudicar sua autoconsciência.

Eu, por exemplo, não funciono bem sob pressão e prazos apertados, o que considero um ponto negativo.

Eu poderia muito bem ignorar essa parte de mim, afinal ela me incomoda, mas isso acaba sendo uma informação muito valiosa sobre o meu funcionamento, sobre como vou tocar uma empresa, sobre como delego tarefas e sobre como tomo decisões no meu dia a dia.

3) COMPORTAMENTO (BEHAVIOR)

OK, vamos começar a parte difícil.

Autenticidade não existe sem prática.

De nada adianta se conhecer extremamente bem se você guardar tudo para si pelo resto da vida.

Essa parte exige coragem, e muita!

A autenticidade só acontece através da vida, de situações diversas, das ações dia após dia e dos desafios que encaramos.

Esse componente “comportamento” quer dizer ação, quer dizer agir de acordo com seus valores, preferências e crenças.

Importante:

“Autenticidade não se reflete na compulsão por ser você mesmo, mas na expressão natural e livre de sentimentos, motivos e inclinações centrais”

(Kernis & Goldman, 2006)

4) ORIENTAÇÃO RELACIONAL (RELATIONAL ORIENTATION)

Essencialmente, isso significa ser aberto e transparente nas relações com os mais próximos. Trata-se de desenvolver um ambiente de confiança e intimidade que promove a expressão genuína do seu ser.

Espera-se que uma pessoa com essa característica esteja envolvida em relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.

Como você é genuíno (e não falso) nas interações com os mais próximos, as pessoas podem conhecer seu verdadeiro ser (e não uma persona criada).

ESCREVA A SUA HISTÓRIA

Os pesquisadores Boas Shamir e Galit Eilam escreveram para a revista acadêmica The Leadership Quarterly que líderes autênticos podem ser desenvolvidos através de histórias.

Para Shamir e Eilam, construir uma história de vida possibilita um entendimento sistemático sobre a vida, o que é diferente de enxergar cada pequena situação como inesperada e misteriosa.

Os autores argumentam que construir, desenvolver e revisitar histórias de vida fornecem ao indivíduo um “sistema de significado”, de onde é possível sentir, pensar e agir melhor diante de novas situações.

Ao contrário do que muitos pensam, desenvolver uma história de vida não é relembrar eventos, mas construir e interpretar as experiências vividas.

Tem menos a ver com fatos e mais a ver com significado.

Ou seja, o que você viveu até hoje não está escrito, não. Temos que interpretar e construir a nossa história.

O término de um relacionamento, pode significar a pior coisa do mundo para uma pessoa e a melhor coisa para outra.

O fato é o mesmo (fim de relacionamento), mas as interpretações são diferentes.

Interprete os seus fatos!

A rejeição que você sofreu na infância te causou apenas traumas? Ou te fez uma pessoa extremamente determinada e realizadora? A separação dos seus pais te deixou uma marca para nunca ter relacionamentos saudáveis? Ou te fez amadurecer e entender que relacionamentos precisam de muito empenho? Foi super protegido? Perdeu alguém querido? Foi abandonado?

Os fatos estão aí, mas a interpretação é uma escolha.

Interpretar o nosso passado e construir a nossa história é uma ótima maneira de buscar mais autenticidade.

Nós não apenas valorizamos a nossa memória, nós somos a nossa memória.

Daniel Gilbert – Stumbling On Happiness (2006)

CONCLUSÃO

Autenticidade tem duas etapas: entender quem você é para ser quem você é.

O caminho é de dentro para fora, então antes de ir para a guerra, conheça suas armas. Antes de atirar uma flecha, mire. Antes de acelerar, pense no caminho.

Entender envolve os dois primeiros elementos (consciência e processamento imparcial) e ser envolve os dois últimos (comportamento e orientação relacional).

Ser autêntico é tão importante, pois significa se diferenciar do restante. É como se fosse uma vantagem competitiva para o mundo de hoje.

A vida nos coloca facilmente em modo automático. Ser autêntico é sair do caminho padrão e fazer o melhor caminho para você.

Referências:

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